Marilane Teixeira, pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) do IE-Unicamp, destaca em seu artigo “As contribuições da economia feminista para a construção de um pensamento crítico”, publicado na revista Economistas em maio de 2024, a importância da economia feminista. Esta abordagem examina a interação entre produção econômica e reprodução social, criticando a marginalização do trabalho reprodutivo das mulheres pelo pensamento econômico tradicional, que privilegia a esfera do mercado.
A teoria neoclássica, predominante até hoje, reforça essa separação ao redefinir o valor-trabalho, excluindo atividades não monetárias como o trabalho doméstico. No Brasil, a economia feminista ganhou relevância nas últimas duas décadas, impulsionada pelo movimento feminista organizado, que critica as teses neoliberais e busca novos aportes teóricos.
A economia feminista desafia a racionalidade econômica dominante, enfatizando as relações sociais e a divisão social do trabalho. Aborda questões negligenciadas pela economia tradicional, como igualdade salarial e distribuição do trabalho reprodutivo. Propõe novas perspectivas para tornar visível o que a economia predominante oculta, especialmente em relação às relações sociais de sexo, classe e raça.
Os estudos de Danièle Kergoat e Helena Hirata são fundamentais, destacando a centralidade do trabalho e a divisão sexual do trabalho na construção das relações sociais. A proposta da economia feminista é reformular o pensamento econômico para melhorar as condições econômicas das mulheres e desenvolver políticas mais justas e inclusivas.
Essas contribuições abrangem diversas áreas da economia, desde a economia solidária até o trabalho doméstico e a agricultura familiar, revelando as imbricações de sexo, classe e raça em uma sociedade desigual.