Nos últimos 26 anos, a economia brasileira esteve semi-estagnada. Entre 1982 e 2006, a taxa de crescimento anual médio do PIB foi de apenas 2,5% ao ano, contrastando com a média superior a 7% verificada entre 1945 e 1980. Esse desempenho recente aprofundou a crise social. Os rendimentos do trabalho declinaram, a concentração da renda permanece estável entre as piores do mundo, o desemprego e o trabalho precário atingiram patamares inéditos. Os baixos salários, a elevada rotatividade e a desigualdade entre os rendimentos do trabalho – perceptíveis mesmo nos períodos de elevado crescimento econômico – acentuaram-se nos últimos 26 anos de estagnação.
Entretanto, mesmo nessas condições estruturalmente adversas do mercado de trabalho brasileiro, a mobilidade social foi ascendente entre 1945 e 1980. Em contraste, nas últimas décadas, os canais de ascensão social sofreram profundo estreitamento. Uma das faces do longo ciclo de estancamento da mobilidade social é o “rebaixamento” social e econômico da classe média brasileira. Esta edição da Carta Social e do Trabalho é dedicada à análise desse processo de crise da mobilidade social e ocupacional e empobrecimento da classe média.
Esta edição foi organizada por Eduardo Fagnani e Marcio Pochmann e conta com artigos de Waldir Quadros, Valéria Cristina Scudelér, Josiane Fachini Falvo, Vinicius Gaspar Garcia, Daniel de Mattos Höfling, Davi José Nardy Antunes, Denis Maracci Gimenez e Alexandre Gori Maia.