Publicamos neste número da Carta Social e do Trabalho, dois artigos sobre o mercado de trabalho no Brasil nos anos 2000. O primeiro artigo, dos professores Paulo Baltar e Eugênia Leone, aborda, num primeiro momento, a evolução da renda do trabalho no período 1998-2008. Tratam das especificidades desta evolução, considerando o lento crescimento do PIB, com alta inflação entre 1998 e 2003, assim como o forte crescimento do PIB, com baixa inflação entre 2004 e 2008. Em seguida, o artigo analisa, mais detalhadamente, as mudanças na estrutura ocupacional e nas diferenças de renda do trabalho em 2004 e em 2008, levando em consideração a posição na ocupação e o sexo das pessoas ocupadas.
O segundo artigo, “O Brasil está próximo do pleno emprego?” é do professor Marcelo Weishaupt Proni, que no CESIT, tem se dedicado ao estudo do desemprego no mundo e das transformações do mercado de trabalho brasileiro no período recente.
Marcelo Proni parte dos fatos: com a retomada do crescimento da economia brasileira a partir de 2004, depois de mais de duas décadas de relativa estagnação e degradação do mercado de trabalho, as taxas de desemprego no Brasil caíram brutalmente. É a partir de tal constatação, que a questão central tratada por Proni é feita: o Brasil está próximo ao pleno emprego?
Para ele “é preciso reconhecer que o mercado de trabalho brasileiro tem apresentado sinais claros de que ingressou numa fase nova, sendo possível acreditar que ruma gradualmente em direção ao pleno emprego. Contudo, considerando só o Brasil metropolitano, onde se concentra a inovação tecnológica, nota-se que ainda falta muito para que se configurem mercados de trabalho homogêneos e bem estruturados”.
Analisando os dados do Censo Demográfico do IBGE de 2010 sobre o mercado de trabalho brasileiro, Proni oferece ao leitor um panorama dos avanços do período recente e dos desafios ainda presentes para que se possa chegar ao pleno emprego num mercado de trabalho estruturalmente heterogêneo.
Esta edição foi organizada por Denis Maracci Gimenez e Anselmo Luis dos Santos.