Marcelo Weishaupt Proni
Intelectuais de diversas áreas do conhecimento estão tentando entender os impactos provocados pela pandemia em várias esferas de interesse: saúde, economia, política, trabalho, educação, comportamento, diplomacia, direito, entre outras. Muitos dizem que essa crise global (sem precedentes na História) representa um divisor de águas e que o mundo não voltará a ser como antes. Outros especulam sobre as ameaças à ordem social estabelecida e sobre as possibilidades de mudança abertas pelo esgotamento do neoliberalismo.
Questões variadas estão sendo debatidas em diferentes fóruns para esclarecer o que está em jogo. Por exemplo: É plausível antever o surgimento de uma ordem econômica internacional antiliberal? É correto dizer que a crise aumenta a proporção de trabalhos precários e potencializa a polarização social? Estão emergindo novas formas de luta social, que podem revitalizar o movimento sindical ou pressionar os governos a adotarem uma estratégia de desenvolvimento sustentável? Há evidências de que o fracasso das políticas neoliberais no enfrentamento da crise pode conduzir a um redirecionamento da intervenção do Estado, em especial no combate ao desemprego e na garantia de um nível básico de renda?
Este artigo não tem a pretensão de responder essas pertinentes questões. O objetivo é mais modesto: apresentar projeções e expectativas divergentes sobre o rumo das mudanças no sistema econômico e no mercado de trabalho para estimular uma reflexão em torno de três proposições: 1) uma regulação eficaz dos mercados financeiros é fundamental para curar a economia (não basta o governo injetar dinheiro); 2) tanto um sistema público de proteção social como políticas de geração de empregos e garantia de renda são essenciais para proteger as pessoas; 3) para enfrentar essa crise global (econômica, social e ambiental) é necessário salvar a democracia.