A Escola Judicial (Ejud1) do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-RJ) realiza, nesta sexta-feira (14/3), o 1º Simpósio “Em busca da igualdade: feminismo e desafios contemporâneos”, no auditório do prédio-sede do tribunal. A finalidade é aproveitar o mote do Dia Internacional da Mulher, celebrado neste mês de março, para promover um espaço de reflexão e debate sobre os desafios contemporâneos da busca pela igualdade de gênero.
O evento coloca os holofotes nas barreiras estruturais e institucionais que ainda limitam a participação das mulheres e sua ascensão no mercado de trabalho. “A luta pela igualdade é fundamental, especialmente no segmento do trabalho. Não podemos ignorar que as mulheres, além da carga profissional e da carga das obrigações familiares a que são submetidas, ainda assim enfrentam os maiores desafios na iniciativa privada”, assinalou o presidente do TRT-RJ, desembargador Roque Lucarelli Dattoli, na abertura do evento.
Além do presidente, quatro mulheres – magistradas do TRT-RJ – participaram da mesa de abertura e destacaram a importância do tema: a diretora da Escola Judicial, desembargadora Sayonara Grillo Coutinho; a ouvidora da Mulher, desembargadora Carina Rodrigues Bicalho; a coordenadora do Subcomitê Regional de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade, desembargadora Márcia Regina Leal Campos; e a presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 1ª Região (Amatra1), juíza Daniela Valle da Rocha Muller.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, 48,1 milhões de mulheres fazem parte da força de trabalho no Brasil (números apurados no terceiro trimestre de 2024). Ao falar sobre esses e outros dados estatísticos, a diretora da Escola Judicial, desembargadora Sayonara Grillo Coutinho, observou que, no estado do Rio de Janeiro, há especificidades que demandam atenção: “A taxa de desocupação das mulheres no mercado de trabalho é substancialmente maior no Rio de Janeiro do que em outros estados e cerca de 34% delas recebem menos de um salário mínimo. É sobre este público, que é o da Justiça do Trabalho, que estamos falando aqui neste simpósio”.
A desembargadora Márcia Regina Leal Campos também apresentou números para reforçar a importância da discussão. “Em mais de 50 mil empresas que funcionam no Brasil, as mulheres ganham menos 20,7% que os homens. E estamos no século 21, no ano de 2025! A diferença salarial ocorre ainda que a CLT garanta a remuneração idêntica a cargos idênticos e apesar da lei federal 14.1611, recentemente editada, que dispõe sobre a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens. E por que isso ainda acontece? Por que ainda temos que sentar e conversar sobre esse tema?”, indagou a magistrada.
Já a desembargadora Carina Rodrigues Bicalho trouxe algumas de suas escutas, como ouvidora da Mulher, que revelam o machismo no trabalho, por meio das relações de poder e de piadas que mantêm estereótipos de gênero. “Louvo a Escola Judicial por trazer esse tema, com viés para o movimento feminista, conciliado com a democracia e com as pautas sociais que defendemos”, disse ela.
Após os discursos de abertura, houve apresentação musical do grupo “Sabiá-Laranjeira”, com a juíza Monica Cardoso, na flauta, André Vaz, no violão, e Abelardo Borges, no cavaquinho. Na sequência, foi realizada a primeira mesa de debates do evento, que teve como tema “Lutas feministas no Século XXI: em busca da igualdade efetiva”, com Marilane Teixeira, professora da Unicamp; Adriana Cruz, juíza e secretária-geral do CNJ; e Luciana Boiteux, professora da UFRJ. A mesa teve a mediação da desembargadora Carina Bicalho.
O evento prossegue ao longo da tarde desta sexta-feira, com uma mesa sobre o tema “Velhos problemas, novas questões: embaralhando trabalho produtivo e reprodutivo”, debatido por Márcia Bernardes, professora da PUC-Rio; Maria Cecília Máximo, professora da PUC-Minas; Bárbara Ferrito, juíza do TRT-RJ; e Mariana Marcondes, coordenadora de Gestão da Informação da Secretaria Nacional de Cuidados e Família. A mediação é realizada pela juíza Adriana Pinheiro Freitas, membro do Subcomitê Regional de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade do TRT-RJ.
Outros debates
A diretora da Escola Judicial reforçou que o simpósio é o primeiro de outros que serão realizados pela unidade, que promove a capacitação de magistrados(as) e servidores(as) do tribunal. “Esses eventos serão realizados regularmente com a proposta de articular o Judiciário, a universidade, a advocacia e demais setores da sociedade civil em prol do debate”, garantiu a desembargadora Sayonara Coutinho.