Em uma matéria do jornal Valor Econômico, Marilane Teixeira, pesquisadora na área de relações de trabalho e gênero do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) do IE-Unicamp, contribuiu com sua análise sobre um tema de crescente preocupação na sociedade brasileira: o endividamento feminino. A matéria, que explora o aumento recorde da parcela de renda das mulheres comprometida com dívidas no início de 2024, traz à tona o olhar crítico e a expertise de Teixeira sobre as dificuldades econômicas enfrentadas pelas mulheres no país.
Segundo o estudo realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a pedido do Valor, 30,5% do orçamento mensal feminino está sendo destinado ao pagamento de empréstimos, marcando um ponto alto histórico desde maio de 2021. Neste contexto, Teixeira aponta para uma realidade onde as mulheres, especialmente aquelas que chefiam famílias, enfrentam uma vulnerabilidade econômica aguda, exacerbada por um conjunto de fatores estruturais e conjunturais.
Teixeira destaca a crescente responsabilidade das mulheres no sustento doméstico, particularmente em lares onde elas são as únicas provedoras. “Temos mais mulheres na informalidade, sendo responsáveis por seus lares, pelo sustento das famílias. E isso se reflete em maior endividamento e maior comprometimento [da renda] com dívidas”, explicou a pesquisadora. Ela ressalta a pressão enfrentada por essas mulheres para atender às necessidades básicas, o que muitas vezes as leva a contrair dívidas como uma estratégia de sobrevivência.
Além disso, Teixeira enfatiza o papel crucial que o aumento no número de lares chefiados por mulheres desempenha no aprofundamento do endividamento feminino. “Estudos mostram maior comprometimento do orçamento da mulher com gêneros alimentícios e itens de primeira necessidade do que os homens”, observa, evidenciando como as obrigações domésticas e de cuidado, frequentemente desproporcionais, impactam financeiramente as mulheres mais do que os homens.
A análise de Marilane Teixeira na reportagem do Valor Econômico lança luz sobre as desigualdades de gênero intrínsecas ao sistema econômico, sublinhando a importância de políticas públicas e intervenções econômicas que abordem especificamente as necessidades e desafios enfrentados pelas mulheres. Sua contribuição oferece uma perspectiva crucial para entender o endividamento feminino não apenas como um problema econômico, mas também como uma questão de gênero que exige atenção e ação dedicadas.
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