ARTIGO
Marilane Teixeira e Pietro Borsari
Os dados do mercado de trabalho de 2020, até o mês de abril, mostram uma queda expressiva em todas as direções, no contexto da pandemia de COVID-19. O Produto Interno Bruto caiu 1,5% no primeiro trimestre do ano, em comparação com o trimestre anterior, refletindo a desaceleração da economia em curso e, principalmente, os efeitos da crise sanitária. A desaceleração da economia já era prevista segundo os dados do próprio Banco Central, o que afasta a hipótese de que os resultados são efeitos unicamente da crise mais recente. Esses resultados refletem o comportamento da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) de março em que a indústria geral recuou 1,7%, a indústria de bens de capital reduziu 1,8% e a indústria de bens de consumo semiduráveis e não duráveis diminuiu 3,2%. Portanto, a tendência já era de resfriamento da atividade econômica.
A desaceleração passa a ser uma contração em março com o “contágio” econômico da pandemia, cujos principais canais de transmissão para a economia brasileira são: a queda da expectativa de venda das empresas, as dificuldades de importação de insumos e bens intermediários para produção, a retração do crédito e dos fluxos financeiros nacionais e internacionais e, ainda, a redução do gasto das famílias por motivo de precaução frente à incerteza da renda futura e do emprego. Portanto, antes mesmo das medidas de isolamento social serem adotadas, a economia sofria impactos da pandemia no mês de março.