Flávia Ferreira Ribeiro
ARTIGO
A crise econômica que já se anunciava no cenário brasileiro e mundial e seu aprofundamento com a pandemia de COVID-19 impactaram seriamente nas relações de trabalho e emprego e nas condições de vida dos trabalhadores no país. No setor industrial, 127.886 empregos foram fechados no acumulado dos 4 primeiros meses do ano1, segundo os dados do Novo CAGED. No mesmo período, a produção da indústria brasileira recuou 8,2% na comparação com o ano anterior, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)2. No setor de bens de capital, a queda foi ainda mais acentuada, 15,8%.
Até 14 de abril, 9 em cada 10 indústrias já haviam adotado “medidas em relação aos trabalhadores”, segundo sondagem especial realizada pela Confederação Nacional da Indústria- CNI3. Destacam-se entre elas, o trabalho domiciliar (home office), adotado por 61% das empresas, e a concessão de férias, adotada por 50%. Na indústria de transformação, também são altos os percentuais de redução de salários e jornada e demissões. A redução da jornada de trabalho (com ou sem redução de salários) foi implementada por 19% das indústrias e o banco de horas por 37%. A suspensão de contratos de trabalho foi implementada por 8% das empresas industriais e houve demissões em 15% delas4. As medidas implementadas acentuam a precariedade do mercado de trabalho brasileiro, já nitidamente marcado pelas altas taxas de desemprego, rotatividade e informalidade, e aprofundam o quadro de instabilidade e vulnerabilidade vivido pelos trabalhadores, especialmente após as recentes mudanças na legislação trabalhista.