O quão distantes estamos do pleno emprego?

Por Marcelo Manzano e José Dari Krein

Nos últimos dias, circularam notícias na imprensa brasileira de que o presidente do Banco Central estaria preocupado com o atual patamar da taxa de desocupação (7,9% no primeiro trimestre de 2024, segundo a PNAD-C /IBGE) já que isso estaria sinalizando uma aproximação do “pleno emprego” em nosso mercado de trabalho, o que colocaria em risco a estabilidade monetária.

Noutros termos, estaria chegando a hora de botar água na fervura e, por meio de moderação da política de redução da taxa Selic, evitar um aquecimento exagerado da economia brasileira.

Ora, há um amplo conjunto de argumentos que colocam em xeque a afirmação de Campos Neto (a inflação atual ainda expressa os choques de oferta que impactaram a economia mundial desde a pandemia e os conflitos na Ucrânia e na faixa de Gaza; os níveis de utilização da capacidade instalada no setor industrial ainda estão confortáveis (81,3%); a ocorrência de fenômeno similar — baixo desemprego e inflação cadente — em diversos países no período recente; entre outras).

Mas, aqui, nos propomos a refletir melhor sobre uma questão em especial, que nos parece talvez a mais relevante: especialmente em países como o Brasil, cujo mercado de trabalho é estruturalmente heterogêneo e precário, a taxa de desocupação apresenta limites para estimar o quão distante se está do “pleno emprego”. Por quê?

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