Carta 27 | Internacionalização do capital e a nova divisão internacional do trabalho

O tema tratado neste número 27 da Carta Social e do Trabalho é de extremo interesse para todos aqueles que se dedicam ao estudo das transformações contemporâneas do mundo do trabalho: “a internacionalização do capital e a nova divisão do trabalho”. Dois artigos compõem essa edição: “A internacionalização recente do regime do capital”, do professor Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo e “O Brasil e as cadeias globais de produção” do professor Alessandro Cesar Ortuso.

Partindo de Marx e Engels e da ideia do caráter universal da expansão do regime do capital, Belluzzo aborda a construção e o funcionamento da ordem econômica internacional dos anos de ouro do capitalismo, nos trinta anos após o término da Segunda Guerra Mundial. De forma sucinta, Belluzzo afirma que “o espaço econômico internacional, na posteridade da Segunda Guerra Mundial, foi construído a partir do projeto de integração entre as economias nacionais proposto pelo Estado americano e por sua economia. A hegemonia dos Estados Unidos foi exercida mediante a expansão da grade corporação americana e seus bancos. Na posteridade da reconstrução econômica da Europa, resposta competitiva da grande empresa europeia – a rivalidade entre os sistemas empresariais – vai promover o investimento produtivo cruzado entre os Estados Unidos e a Europa e a primeira rodada de industrialização fordista na periferia”.

A profunda crise da década de 1970 e suas repercussões em termos políticos e econômicos foram progressivamente produzindo uma nova ordem nos quadros do processo de globalização liberal. Neste sentido, Belluzzo afirma que “a globalização significa, sobretudo, a generalização e a intensificação da concorrência protagonizadas pela grande empresa transnacional. As estratégias de localização da corporação transnacional moderna foram acompanhadas de significativas mutações morfológicas: constituição de empresas-rede, com concentração das funções de decisão e de inovação e terceirização das operações comerciais, industriais e de serviços em geral”. Assim, de maneira clara, trata da constituição não somente de uma nova ordem econômica internacional, mas de um profundo reordenamento da divisão internacional do trabalho, que implica radicais mudanças nas relações entre os países centrais e deles com a periferia.

Em seguida, o professor Alessandro Cesar Ortuso, em “O Brasil e as cadeias globais de produção”, discorre de forma sucinta sobre as novas condições e possibilidades de inserção da economia brasileira nessa nova divisão internacional do trabalho. Partindo do trabalho seminal de Peter Nolan, “China and the Global Business Revolution”, Ortuso aponta para a evolução recente das cadeias globais de produção, da centralidade da China na reorganização dos negócios e dos constrangimentos para a inserção de países periféricos num mundo onde a concorrência internacional radicalizou-se sobre novas bases.

Trata-se, portanto, de duas contribuições fundamentais para a reflexão mais apurada das transformações do capitalismo contemporâneo e seus impactos sobre o mundo do trabalho.

Esta edição foi organizada por Denis Maracci Gimenez e Anselmo Luis dos Santos.

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